Engano fez pedreiro passar o Natal preso

27 de dezembro de 2007 N° 15461
Sistema Prisional
Engano fez pedreiro passar o Natal preso
Ao registrar furto de bicicleta, homem descobriu que era procurado

O pedreiro Valdomiro Silva de Souza, 50 anos, pretendia fazer um churrasco na casa dos pais, em Charqueadas, para festejar o Natal com a mulher e os sete filhos. Mas acabou passando dois dias preso na Penitenciária Modulada de Charqueadas, até ser solto ontem à tarde.Oequívoco começou às 11h de segunda-feira, quando o pedreiro foi à DP local registrar o furto da bicicleta do filho de 14 anos acontecido no sábado. Ele estava acompanhado do filho Luís Cristiano França de Souza, 27 anos, também pedreiro.- Eu ia registrar a ocorrência, mas vi que estava sem documentos. Daí o pai disse que poderia deixar com ele. Foi aí que descobrimos, quando o nome dele foi colocado no computador, que para a polícia ele era foragido da Justiça de Carazinho - explicou.Começou o desespero da família. Entre 11h e 19h, Valdomiro ficou detido na delegacia. O delegado Pedro Urdangarin ouviu as súplicas dos familiares e analisou o histórico do pedreiro:- Ele não tem nada de antecedentes, além dessa condenação que encontramos. Apesar do feriadão, os filhos conseguiram contatar um advogado, mas não puderam evitar que o pai de cinco mulheres, de nove, 13, 22, 25 e 29 anos, e de dois rapazes, de 14 e 27 anos, fosse para a cadeia. - Não deixaram visitá-lo, só a partir de hoje (ontem). Tudo que tínhamos planejado foi por água abaixo, meu pai passou o Natal na cadeia por um erro do Estado. Temos provas de que, nessa data que o acusam de ter cometido o crime, ele estava trabalhando para uma comerciante aqui de Charqueadas. Tem notas assinadas por ela, comprovantes de pagamento pelo serviço - desabafou Luís na tarde de terça-feira.Exame comprovou que alguém usou o nome de ValdomiroComo a família se mobilizou afirmando que Valdomiro estava sendo preso por engano, a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) pediu ao Instituto-geral de Perícias (IGP) um exame comparativo entre as digitais do pedreiro e as do homem preso em flagrante em julho de 2006, que fugiu da prisão, em Carazinho, em agosto do ano passado. O resultado demonstrou que Valdomiro não era a mesma pessoa. Ele foi solto ontem à tarde, recebido pelo filho Luís. O foragido que usou o nome de Valdomiro foi condenado à revelia, segundo o delegado Urdangarin, por não ter comparecido às audiências. A DP de Charqueadas abrirá um inquérito para apurar quem usou o nome do pedreiro. A principal suspeita do delegado recai sobre um irmão do pedreiro, que cumpre pena em Caxias do Sul. Ele será chamado a depor. Segundo Urdangarin, o homem tem antecedentes por tentativa de homicídio, roubo, receptação, porte ilegal de arma e falsidade ideológica - a polícia sabe que usou o nome de outra pessoa, que não Valdomiro, em uma das vezes em que foi preso.
Fonte: Zero Hora

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