Ministro Lewandowski assina acordo com a OEA sobre tratamento penal
O
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de
Justiça (CNJ), ministro Ricardo Lewandowski, e o secretário-geral
da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, assinaram
nesta segunda-feira (19) um memorando de entendimento sobre política
judiciária criminal e sistema carcerário. A assinatura do acordo foi
realizada em Washington (EUA), onde o ministro Lewandowski cumpre agenda
oficial.
O acordo CNJ-OEA irá consolidar a cooperação dos dois órgãos no
desenvolvimento, na implementação e no intercâmbio de projetos no Brasil
e nos demais Estados membros interessados em uma melhor distribuição da
Justiça e na concretização de boas práticas relacionadas ao sistema
penitenciário e à execução penal. Prioritária para a atual gestão do
CNJ, a pauta para a área criminal foi registrada na Portaria CNJ
16/2015, que traz diretrizes de gestão para o biênio 2015-2016.
Segundo o acordo de cooperação, o CNJ e a OEA atuarão para promover
medidas alternativas ao encarceramento; audiências de custódia; expansão
do acesso à justiça; melhoria da eficiência do Judiciário para reduzir a
população penitenciária; informatização dos processos de execução
penal; fortalecimento da reinserção social pela melhoria da
infraestrutura penitenciária; e capacitação de profissionais, assim como
implementação de ferramentas de gestão e planejamento no sistema
penitenciário.
Os projetos do CNJ contemplados para o aprimoramento do sistema de
Justiça criminal, como audiências de custódia, cidadania nos presídios,
saúde nas prisões e o sistema eletrônico de execução unificada, estão
sendo indicados como modelos de atuação judicial para as Américas e
poderão ser levados para outros países membros da OEA. Além de buscar a
implementação das ações almejadas, os órgãos se comprometem a monitorar a
execução dos projetos e os resultados obtidos. Também haverá um sistema
de intercâmbio de informações e de experiências para facilitar a
reintegração social dos apenados e o respeito aos direitos humanos.
Partes
O CNJ vai fornecer dados à OEA e divulgará informações sobre a
entidade, inclusive com legislação e recomendações emitidas pelo órgão
internacional. Também incluirá a entidade interamericana em debates
públicos de interesse realizados no Brasil e nas capacitações sobre
temas vinculados à execução penal e ao sistema prisional.
Além de apoiar o CNJ na gestão de projetos e na execução de ações na
área criminal, assim como na difusão de resultados, a OEA também
convidará representantes do Conselho para reuniões públicas de interesse
realizadas no âmbito da entidade internacional e de suas subdivisões.
A OEA foi fundada em 1948 e busca levar aos 35 Estados membros
valores e ações voltadas à paz, justiça, solidariedade, colaboração,
soberania, integridade territorial e independência. A entidade tem como
seus pilares princípios como democracia, direitos humanos, segurança e
desenvolvimento.
Projeto para toda a América
Ao comentar a assinatura do acordo com a OEA, o ministro Ricardo
Lewandowski afirmou que o projeto brasileiro da audiência de custódia
foi recebido com entusiasmo pela instituição. No seu entender, o projeto
pode ser um modelo para outros países, principalmente por ser uma
fórmula que evita o cometimento de abusos pelas forças de segurança.
Almagro ressaltou a importância do projeto e disse que pode ser
disseminado na América Latina, a fim de solucionar graves violações a
direitos humanos.
“O secretário-geral ficou muito interessado no projeto, e entende que
pode ser estendido a outros países do continente americano. Sobretudo
porque é um instrumento importante de combate à tortura. Pois quando a
pessoa presa e é apresentada ao juiz em 24 horas, umas das primeiras
questões a serem esclarecidas a ele é se sofreu maus tratos, se foi
torturado”, afirma o ministro.
O presidente do STF também comentou que a medida é uma forma de
evitar prisões desnecessárias de criminosos sem antecedentes criminais
ou de baixo potencial ofensivo. Assim, a prisão preventiva será
reservada aos criminosos violentos e aos que oferecem perigo à
sociedade.
“O juiz decidirá se o custodiado deve responder o processo criminal
em liberdade, mediante condições, ou se deve permanecer preso durante o
processo criminal. Se o custodiado não tiver antecedentes, tiver emprego
fixo, tiver cometido crime de pequeno potencial ofensivo e não oferecer
perigo para a sociedade, não há razão para prendê-lo ou para responder
ao processo preso”, diz.
CIDH
Além do acordo com a Secretaria-Geral da OEA, o ministro
Lewandowski também firmará protocolo de cooperação com a Comissão
Interamericana de Direitos Humanos, um dos braços da OEA, nesta
terça-feira (20/10). O acordo CNJ-CIDH é voltado ao aperfeiçoamento da
formação e capacitação dos juízes brasileiros em temas de direitos
humanos.
Fonte: CNJ
Crédito foto: Juan Manuel Herrera/OEA
Crédito foto: Juan Manuel Herrera/OEA
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